#sobre psicanálise
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versiaria · 4 months ago
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Uma das coisas que mais faço é refletir sobre a minha própria vida e tudo que me rodeia. A boa de hoje foi perceber que, sempre que me aparece um problema, uma dúvida ou algo que eu não sei, tenho uma tendência de focar demais nisso e começo a pensar em "n" interrogações possíveis. Porque realmente acredito que, logicamente, a solução nasce da própria interrogação. Quanto mais você entender o cerne da questão, mais naturalmente vai dar de cara com resolução.
O que torna tudo mais interessante é que, além dessa fixação doida, tem uma "Kika" na minha cabeça – aquela garotinha de maria chiquinha, vestido amarelo e sapatinho vermelho que passava na TV Cultura, lembra? – sempre com vontade de saber de onde vem tudo e qualquer coisa. O dilema é que qualquer assunto tem potencial de virar papo de maluco se eu estiver envolvida.
Algumas pessoas acabam vendo isso de forma negativa, ou levando na zoeira. Mas eis o alicerce desse meu "modus operandi": a "maiêutica" – a arte de fazer parir ideias. Sócrates acreditava que a pessoa, ao ser guiada pelas perguntas certas, encontrava as respostas que já estavam dentro dela.
Essa abordagem é utilizada na psicanálise em casos que o terapeuta não oferece respostas prontas, mas faz perguntas que levam o paciente a cavar mais fundo nas suas próprias experiências e sentimentos. Por exemplo, a um paciente que sofre de ansiedade, o terapeuta, em vez de dizer o que pode estar causando isso, pergunta: "Quando foi a primeira vez que você se sentiu assim?" ou "O que acontece com você fisicamente nessas situações?".
Através dessas perguntas, o paciente é guiado a explorar memórias e sensações, descobrindo os gatilhos por trás da sua ansiedade. As perguntas não são apenas formas de obter informações, mas um caminho para a autodescoberta, a chave para o conhecimento. E digo mais! Fonte: Não foi preciso, está tudo na minha cabeça.
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sentidodanalise · 4 months ago
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Olá!
Eu sou a Jéssica, tenho 22 anos e estou na metade da minha graduação em Psicologia. Sou apaixonada por literatura, música, cinema e psicanálise!
O blog Sentido da Análise foi idealizado como um começo da minha carreira profissional. O conteúdo proposto será composto por textos em que o principal conteúdo será da psicologia e psicanálise, mas, também, contará com análises e resenhas da literatura, música e cinema.
Além disso, eu espero que o Sentido da Análise possa ser um espaço de interação, onde eu possa estar em contato e saber sobre como tudo que será postado é sentido pelo público. Eu espero que minha escrita possa provocar inspiração e reflexão, assim como todos aqueles que farão parte por meio de citações despertaram em mim.
No mais, meu muito obrigada a todos que se se juntam a mim nesse caminho.
Atenciosamente, Jéssica Santos.
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xolilith · 4 months ago
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resolvi reler "Noites Brancas" do Dostoievski (também é conhecido como meu livro favorito de toda existência), pra ver se eu conseguia tirar alguma coisa pra escrever sobre, e organizar outros pensamentos além da tristeza que ele me causa 😔
E, logo no começo, uma fala do sonhador que é tudo que eu já disse aqui sobre psicanálise e amor: a fantasia, o ideal...
"– E sonho o tempo todo que algum dia finalmente encontrerei alguém. Ah, se a senhorita soubesse quantas vezes fiquei apaixonado assim!
– Mas como, por quem?
– Não por alguém, por um ideal, por aquela que vejo em sonhos. Crio romances inteiros nos meus sonhos."
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amopalhassos · 4 months ago
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diazinho no parquee
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hj eu acordei bem malzinha, mas fui almoçar no ru e encontrei com um dos meus melhores amigos!
passamos o dia batendo papo sobre revolução, psicanálise, capitalismo e fatos curiosos de bichinhos!
eu amo muito como sempre que eu to mal aparece alguma pessoa muito incrivel pra me animar!!
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because-i-lost-it-all · 1 year ago
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um de janeiro de dois mil e vinte e quatro
semana passada eu decidi que iria começar a ir treinar todos os dias, buscar uma versão melhor de mim mesmo ou o que quer que digam por aí sobre atingir seu potencial máximo. mas hoje me peguei pensando e será que chegar nesse potencial ainda significaria ser eu
será que por algum momento me amar nessas condições seria amar quem eu sou? ou eu estaria amando apenas a idealização que eu criei na minha cabeça do que eu gostaria de ser?
e se essa idealização é merecedora do meu amor, porque eu não sou? porque é tão mais fácil amar aquilo que a gente julga como perfeito mas não é capaz de olhar pra si mesmo e encontrar as pequenas perfeições que a gente tem agora?
eu queria ser capaz de me dar o amor que eu mereço ter, de fazer as coisas serem mais leves pra mim
de me culpar menos
me cobrar menos
mas tá sempre faltando alguma coisa
eu tô sempre tão perto do que eu quero e sempre parece que isso tudo escorrega por entre meus dedos e se esparrama no chão me forçando a pegar tudo de novo e remontar um quebra cabeça que muito provavelmente tá faltando uma peça
ou duas.
a psicanálise diz que o homem é incompleto, que ele tá sempre atrás de suprir a falta de alguma coisa
e por deus eu queria que não me faltasse tanto
eu tenho amigos, família, um teto pra morar, eu tenho tanto
mas ao mesmo tempo eu não tenho nada
pelo menos nada que me faça parar de ouvir the ghost of you e pensar em como as vezes a vida pode ser miserável
nada que me de a sensação de pertencimento a algum lugar
a alguém
eu tô sempre em falta e por isso eu nunca fico
eu tô sempre em falta e eu falto em mim.
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fredericolimablog · 1 month ago
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"Em psicanálise, chama-se projeção o mecanismo de defesa no qual o sujeito "lança" sobre um outro indivíduo os seus impulsos agressivos. Posteriormente, passa a sofrer com a sensação de que tais impulsos projetados, ou sujeitos, o perseguem. Não à toa, é um fenômeno comum nas manifestações paranoicas."
— Frederico Lima
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collegiumfoco · 3 months ago
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Surrealismo
Paris, século XX: período entre as duas guerras (1918 - 1939)
Período de incerteza sobre a predominância da paz, causando insatisfação, desequilíbrio e contradições.
Características:
Pensamento livre
Expressividade espontânea
Influência de teorias de psicanálise (Freud)
Criação de uma “realidade paralela”.
Criação de cenas irreais.
Valorização do inconsciente.
O surrealismo propõe a valorização da fantasia e da loucura.
Fusão de sonhos e realidades.
Releituras baseadas nas obras de Salvador Dalí :
A persistência da memória
Três esfinges de biquíni
Elefantes
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psicoonline · 6 months ago
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Eu não costumo postar coisas muito ligadas às linhas de psicologia pois tenho para mim que é um assunto mais dos psicólogos do que qualquer outra coisa, afinal, durante a clínica é necessário que você se atente ao paciente e use o que for melhor pra ele, não para o psi... Enfim...
É uma treta acadêmica; contudo, porém, todavia achei esse post que fala do Divertidamente 2 e, eu ri...
Pensei em como seria um conteúdo pra adulto um filme com esses personagens... Aí vem minha curiosidade, precisa ser tão “cisuda” existiria um divertidamwnte psicanalítico?? 🫣 será que posto e saio correndo a que seja!? Raramente comentam minhas legendas... 😂
Vamos lá, vamos imaginar esse “Divertidamente Psicanalítico”.
No lugar de Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho, teríamos personagens como Prazer, Pulsão de Morte, Tesão, Psicose e Mal-estar na Civilização. Um turbilhão de emoções complexas, dignas de uma análise freudiana, onde cada sentimento é uma viagem profunda ao inconsciente. Imagine uma cena em que “Pulsão de Morte” e “Tesão” estão discutindo sobre a origem dos impulsos mais primitivos enquanto “Mal-estar na Civilização” tenta mediar o conflito, propondo uma reflexão sobre as consequências sociais desses impulsos.
Esse seria o tipo de filme que, ao invés de arrancar risadas fáceis, faria você questionar suas próprias emoções e se perguntar sobre a natureza do ser humano. Talvez não fosse um blockbuster de bilheteria, mas certamente um prato cheio para debates filosóficos e sessões intensas de terapia.
Ah, mas aí vem o dilema: será que um post desses caberia bem nas redes sociais aqui? Será que o público está pronto para uma dose de humor irônico misturado com uma reflexão profunda sobre a psique humana? Ou seria melhor deixar essas discussões para o consultório, onde podemos realmente mergulhar no mundo das ideias sem medo de mal-entendidos?
Hoje vamos descobrir... Será que terei comentários?
#Psicologia #HumorPsicanalítico #Divertidamente #FreudExplica #Cinema #ReflexõesProfundas #Psicanálise #MalEstarNaCivilização #Terapia #EmoçõesComplexas
#tcc #cognicao #cognitivo #cognitivocomportamental
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podtudo · 2 years ago
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• podtudo de hoje com @petitgetou !
bom dia, boa tarde ou boa noite tudinhos do perfil! no podtudo de hoje, trouxemos a ilustre presença da ella, @petitgetou ! sentem-se que lá vem tudo e mais um pouco!
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1. Nos conte um pouco sobre você, tudinho da vez! Faça uma pequena biografia sua para nós.
R: Meu nome é Rafaella, mas por algumas razões pessoais eu prefiro que me chamem de Ella. Tenho 15 anos e em 17 de novembro faço 16. Sou nordestina e moro no RN, meu sonho é passar no concurso e ser estudante da IFRN (o resultado sai esse mês🙏), sou apaixonada por Harry Potter, principalmente os marotos, e por isso tenho orgulho de dizer que sou corvina! Meu temperamento é sanguínea-melancólica, e eu não entendo muito sobre mbti, mas pelo que estudei sou INTP.
Recentemente descobri uma paixão por futebol, nunca tinha me interessado por algumas razões aí, mas um pouco antes da copa fiquei fissurada e hoje acompanho a premier league torcendo para o arsenal. Minhas flores preferidas são lírios e jacintos. Amo filmes de ação e comédia romântica e sou apaixonada por livros de fantasia e distopia, mas também de livros que mostram a realidade e me ajudam a ver a vida por outros olhos.
Livros são minha verdadeira paixão, ler me leva para um universo diferente, onde os problemas que me cercam não me afetam e eu posso ser livre, viver como eu quiser sem o julgamento das pessoas. Gosto muito de assistir analisando as decisões e personalidade dos personagens, principalmente os anti-heróis, vendo o quanto o trauma deles afetou seu julgamento, e atualmente estou me aprofundando nesse assunto estudando um pouco de psicanálise.
2. O que ou quem te incentivou a postar esses posts maravilhosos do seu blog? Adoro!
R: Eu entrei no amino em 2018, quando conheci o kpop, e lá fiz vários amigos, e alguns deles tinham dificuldades em montar perfil, por psd e esse tipo de coisa, então eu criei o meu primeiro blog aqui (se não me engano o primeiro nome foi softiconsgirlss, e depois rainbowsstuffs). Com o tempo eu fui descobrindo outros tipos de edições e posts, e em setembro de 2021 eu abri o petitgetou. Antes o intuito era postar somente icons, mas com uns dias percebi que queria tentar fazer moodboards, e estou aqui até hoje!
3. O fav também tem favs fora do tumblr? Se sim, nos conte tudo sobre eles!
R: Eu já admirei muitas pessoas aqui, algumas delas foram embora, e outras delas me decepcionaram bastante, então eu considero muito poucos como favoritos.
@minipizza @v6mpcat @dearspnik @nyugore @oikawazitos @fairymiese acompanho essas desde 2022 e com muito orgulho! Também admiro meus amigos @sun-kiwis @cattzitos @choerrybombz @lilixbby e essas pessoas também @poetiqe @dahypoems @s-heon @j4pan @tookio e @furtaccor.
4. E sobre músicas, curte? Adoraria saber sobre as suas preferidas.
R: Minha artista favorita desde 2021 é a Taylor Swift, escuto ela religiosamente todos os dias🙏
As minhas músicas mais ouvidas no momento são The great war - Taylor Swift; Mine - Taylor Swift; Te amo com voz rouca - Jorge & Matheus; You're so vain - Carly Simon; Leão - Marília Mendonça. E de menção honrrosa Sure thing - Miguel, não queria dar muito destaque para traidor mas a música dele é realmente boa (saibam separar o trabalho do artista, por favor).
5. Tem inspirações aqui ou fora do aplicativo? Nos conte sobre também!
R: Minha inspiração tem sido o que eu leio e as músicas que eu escuto! Acho que fiz uns 3 moodboards inspirados na minha trilogia favorita (jogos de herança) e atualmente estou tentando fazer alguns inspirados em personagens de anime!
6. E vamos de um top 5, seus maiores favs da edição icônica do tumblr!
R: Ter que marcar só 5 dói na alma mas @oikawazitos @dearspnik @sun-kiwis @minipizza @dahypoems
7. Poderia explicar mais sobre seu estilo de post? É tudo muito lindo e a curiosa que me habita quer saber tudo sobre essas maravilhas.
R: Eu geralmente faço o que dá na telha
Geralmente quandi eu começo a montar algo eu já tenho uma visão fixa do que eu vou fazer, nem sempre combina com o estilo do último moodboard que fiz, mas eu acho tão lindo que não consigo não fazer. Só sei que gosto de fazer coisas mais escuras.
8. E na sua vida pessoal, tem hobbies? Uma lenda como você com certeza deve curtir fazer algo.
R: Acho que já falei de tudo na introduçãoKKKKKKK
Gosto de ler, idependente do que for (livro, webtoon, mangá, HQ), escutar música, cozinhar, pesquisar sobre assuntos estranhos e bem específicosKKKKK
Cuidar de mim tem sido minha prioridade desde 2022 e eu posso facilmente passar 3h trancada no banheiro fazendo skin care, cuidando do meu cabelo e me maquiando.
Estudar e limpar se rornaram meus alidos em horas de estresse no último ano, meus melhores amigos 🫶
9. Indique alguns blogs fenômenais para os telespectadores!
R: Todos que eu mencionei anteriormente são sensacionais! Se quiserem, podem me pedir na ask para abrir meu seguindo, sigo poucos mas muito talentosos.
10. Tem alguma pauta para os seus haters sem senso? Nos diga algo sobre esses sem noção aqui!
R: Não se pode agradar a todos né? Sempre vão ter pessoas que nao não gostam de você, não importa o quanto você tentar. Nos dias de hoje, as pessoas tem levado o não gostar muito a sério e usado as redes sociais para atacar os outros de forma infantil, exagerada e doentil. Não me levem a mal, pessoas erram sim, tenho mais de 10 pessoas bloqueadas que sei que fizeram coisas ruins, mas não acusem outros sem provas, especialmente se tudo for apenas especulação. E parem de projetar suas inseguranças em forma de ódio e mandar para outras pessoas, isso só faz de você um babaca, não uma pessoa bossal top das galáxias. Vão para a terapia por favor.
11. E por último, alguma situação constrangedora que já passou, todo mito de verdade já passou por uma dessas, não é? Vai ser incrível escutar alguma história de sua vida.
R: Eu sou a rainha de passar vergonha
Eu vivo dizendo boa tarde de manhã, já disse senha de cartão em voz alta, já falei umas coisas extremamente constrangedoras pro garoto que eu gostava e ele ficou me olhando tipo "eu aviso ou não?"
O pior de tudo é que depois de anos eu ainda olho pra essas coisas e fico com mais vergonha ainda.
Agradeço sua presença ilustre aqui no podtudo!!! Volte sempre lenda, a Nayara a qualquer momento estará de braços abertos a você!
dep: muito obrigada pela oportunidade, tava muito animada com o projeto e participar me fez muito feliz!
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blogdamorgannalabelle · 7 months ago
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36 – O Atendimento On-line em Psicanálise
Por Morganna la Belle
Psicanalista
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1 – O surgimento das clínicas online
Com o advento da pandemia da COVID-19, no ano de 2020, verificaram-se também a modificação de hábitos de vida, com o fim de se adaptar à difícil nova realidade que se impôs ao mundo.
Considerando ainda as medidas profiláticas de restrição de contato físico entre as pessoas e também as exigências impostas sobre o isolamento social, algumas atividades que antes eram vistas como necessariamente presenciais tiveram que sofrer adaptações.
Aumentaram então o teletrabalho, também chamado de home office, a frequência de videochamadas para falar com parentes e amigos, as compras através da Internet e até atividades físicas que antes eram feitas em academias passaram a ser conduzidas por um instrutor em uma tela de celular. Por conseguinte, a medicina e os atendimentos psicológicos também tiveram que se render à nova realidade do mundo.
Importante ressaltar que algumas clínicas de medicina e psicoterapia já ofereciam o atendimento online antes do período pandêmico, mas foi por causa da quarentena do coronavírus que essa forma de interação entre prestador e tomador de serviços realmente se consolidou e se aperfeiçoou.
Por fim, com a descoberta das vacinas, a pandemia passou a ficar sob certo controle em 2022, mas a nova forma que as pessoas descobriram de viver e se relacionar parece que veio mesmo para ficar.
2 – O que é o atendimento online em Psicanálise
Primeiro considere-se que o cerne deste estudo envolve a forma de psicoterapia criada por Sigmund Freud em 1896. Por conseguinte, iremos nos ater unicamente ao atendimento online em Psicanálise embora, para fins de comparação, possamos também abordar en passant outras formas de psicoterapia.
O atendimento online em Psicanálise se traduz basicamente na transformação do atendimento presencial tradicional, envolvendo psicanalista e paciente no consultório, pelo atendimento remoto via videoconferência.
Já existem plataformas digitais criadas exclusivamente para atendimentos online, como a plataforma e-Psi do Conselho Federal de Psicologia. E em se tratando de telemedicina, já participamos de atendimento médico utilizando simplesmente o aplicativo WhatsApp.
3 – Pontos positivos do atendimento online
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De acordo com pesquisas feitas com foco neste assunto, verifica-se que está havendo uma boa aceitação dessa nova forma de interação entre psicoterapeuta e paciente. Isso se deve muito ao fato de terem se apresentado facilidades quanto a essa maneira de condução dos trabalhos terapêuticos. Em outras palavras, o surgimento de fatores que antes eram impeditivos à continuidade da terapia presencial podem ser facilmente superados com o setting virtual.
Vejamos alguns desses benefícios da terapia on-line:
3.1 – Sem fronteiras
Como exemplo do exposto no primeiro parágrafo acima, podemos citar a mudança de um paciente para o exterior, sem que essa pessoa domine a nova língua. As sessões de terapia podem seguir normalmente por meio da clínica online com o mesmo analista. Também no caso de mudanças do paciente ou do psicanalista para locais dentro do próprio país, quando o paciente não quer mudar de terapeuta. Por fim, mas não esgotando o assunto, outras formas de limitação de deslocamento devem também ser levadas em conta, como no caso de limitação de locomoção em razão de problemas de saúde.
Todas essas dificuldades podem ser contornadas, graças à tecnologia da transmissão de imagem e som à distância.
3.2 – Economia de dinheiro e tempo
Podemos também ver como ponto positivo o fato de se evitar gastos extras por parte do cliente, pelo motivo de não mais ser necessário o deslocamento do paciente até o consultório, sabendo que tal gasto via de regra é considerável. E, em caso de uso de veículo próprio, considere-se ainda a dificuldade quanto a lugares para estacionar que normalmente ocorre nos grandes centros.
Mas não apenas a economia de dinheiro deve ser enfatizada, mas também a economia de tempo. Considerando a rotina que é imposta às pessoas hoje em dia o tempo se tornou, mais do que nunca, precioso como ouro.
3.3 – Assuntos difíceis se tornam menos difíceis
Também merece destaque o fato de que alguns pacientes têm dificuldade de tratar certos assuntos frente a frente com o terapeuta, principalmente quando envolvem desejos tidos como inconfessáveis ou experiências de cunho sexual. Mencione-se também pensamentos e sentimentos considerados vergonhosos ou condenáveis pela moral em geral. O fato de o contato com o terapeuta se dar de forma digital e não física pode facilitar muito para que o analisando se abra e exteriorize o que se passa em seu interior.
4 – Pontos negativos do atendimento online
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Embora haja atualmente muitos entusiastas de tudo o que envolve o mundo digital, já diz o velho adágio que nem tudo é perfeito.
Quais seriam então os pontos que poderíamos considerar como negativos nessa nova forma de se conduzir uma psicoterapia?
Pensamos que somente a prática em cada caso em questão poderia apontá-los. Porém, podemos nos antecipar e considerar alguns, de forma genérica:
4.1 – Custo e limitações da tecnologia
Vamos começar considerando algumas necessidades e limitações próprias do mundo digital, tais como a obrigação de pagar por uma boa Internet, bem como as eventuais quedas de conexão.
Terapeutas adeptos do modo on-line reconhecem que uma queda de conexão na transmissão em um atendimento on-line pode prejudicar em muito uma sessão, dependendo da fase em que a mesma se encontre. Como exemplo, podemos citar que todo o trabalho anteriormente feito até que conteúdos recalcados do inconsciente do paciente finalmente estejam emergindo para o consciente poderia ser perdido, total ou parcialmente, em razão de uma interrupção causada por esse tipo de problema técnico. Desafortunadamente, paciente e psicanalista talvez tenham que voltar à estaca zero nesse tipo de situação. Isso porque, em atendimentos on-line, uma interrupção na transmissão de imagem e voz também acarreta, via de regra, a interrupção da conexão estabelecida entre analista e analisando naquele momento específico.
4.2 – O settinig terapêutico virtual
Também se faz necessário que o paciente disponha de um lugar onde poderá participar da sessão sem que haja interrupções, como se estivesse mesmo em um consultório. De acordo com pesquisas feitas com psicólogos que atuam de forma digital, essa talvez seja a maior dificuldade enfrentada pelo paciente. Isso porque muitas pessoas não dispõem em sua residência de um lugar que tenha a privacidade necessária para que consigam a imersão no atendimento psicológico. Nesse contexto foram relatadas demonstrações de inquietude do paciente durante as sessões online, em razão do temor de serem ouvidos por outras pessoas da casa. Também foi relatada a percepção de tensão na fala, que não raras vezes se transformava em cochichos, dificultando assim a escuta por parte do psicanalista.
Tais detalhes não são sem importância uma vez que podem, de acordo com a frequência com que ocorrem, tirar o foco do objetivo principal da terapia.
4.3 – Limitações quanto a algumas formas de terapia
Pensamos que formas de psicoterapia como a Psicologia Formativa de Stanley Keleman sofreriam limitações consideráveis nessa abordagem online. Isso porque ficaria prejudicado o diálogo somático que é o centro dessa forma de terapia.
Foram também relatadas certas dificuldades por profissionais que atuam em análise comportamental.
Já quanto à Psicanálise, assinale-se que a interação presencial entre analista e analisando também envolve a observação por parte do psicanalista de manifestações somáticas do paciente que são indicativos de processos inconscientes em ação. A postura do corpo do paciente ao adentrar e ao sair da sala, a forma de se deitar no divã, a maneira como move as mãos e braços, o posicionamento das pernas e outras manifestações do corpo ajudam o psicanalista a detectar a resistência, a transferência e outros princípios básicos da terapia freudiana. E a boa visibilidade de todos esses indicativos se torna limitada em uma tela de smartphone.
Por fim, comungamos com o entendimento de que nada substitui o calor humano e a troca de energia que acontece quando as pessoas se encontram presencialmente em um mesmo ambiente.
5 – Quando a tradição deve ser seguida
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Existe em Psicanálise um tipo de ritual ortodoxo, ou seja, procedimentos do processo analítico que devem ser seguidos porque já comprovaram a sua importância e eficácia com o passar do tempo. Tais procedimentos se iniciam desde quando o paciente procura o psicanalista em busca de ajuda e se desenvolvem até a formação do par analítico.
Estou me referindo ao ambiente adequado, à anamnese, à entrevista e ao contrato analítico. Contudo, abordaremos também o pagamento, a frequência e duração das sessões e o uso do divã,
Vejamos, então, cada item especificamente:
A – O ambiente adequado
Pesquisando na Internet, podem ser encontradas várias opções e sugestões para a montagem de um consultório psicanalítico, desde a antessala até o local onde a análise se desenvolve, envolvendo ainda a decoração e os objetos considerados essenciais, tal como o divã.
Em se tratando de atendimento online pensamos que alguns elementos devem ser suprimidos e outros mantidos. Como exemplo, devemos considerar que o paciente não deve ver o analista em meio a um local que denote desorganização ou extravagância, até porque isso poderia tirar o foco e a atenção do paciente ou no mínimo causar uma má impressão. Então, um ambiente de cores suaves e neutras, talvez com livros em uma estante, seria de muito bom tom. O psicanalista deve estar confortavelmente sentado e ter uma visualização boa da tela do aparelho de transmissão. Deve atentar sempre para a aplicação de regras de ergonomia na montagem de seu consultório, mesmo em se tratando de atendimento remoto.
Mas agora, o que antes seria uma preocupação apenas do analista passa a ser também do analisando. Ele também precisa de um local onde possa se acomodar confortavelmente sem comprometer a visão da tela do celular ou computador e onde também não haja interferências. Quanto à decoração e aos objetos ao seu redor, isso pode dizer muito ao analista sobre a personalidade do paciente.
B – A anamnese
A anamnese é um tipo de investigação prévia sobre o paciente, onde o analista obtém suas primeiras impressões e estabelece um juízo a respeito de ser ou não tal forma de terapia a mais adequada a um paciente específico.
Ela se dá através de perguntas feitas pelo psicanalista à pessoa que está procurando a psicoterapia.
Deve ser bem detalhada, contendo a qualificação completa do paciente, seus hábitos, gostos, medos, fobias, outras enfermidades de que padece e etc.
Também serve para que o terapeuta veja se já conhece o paciente, o que poderia ser motivo para encorajar a pessoa a procurar outro analista.
Quanto à doença em si, verifica-se as queixas e sintomas relatados pelo indivíduo. Sabe-se que a Psicanálise não é a melhor forma de terapia para se tratar pacientes psicóticos que, s.m.j., necessitariam de tratamento medicamentoso.
Esclareça-se ainda que essa coleta de dados deve ser transcrita para um formulário, sendo que essa ficha deve ser arquivada pelo psicanalista, independente de decidir prosseguir com o tratamento daquele paciente específico.
O psicanalista que trabalha online não pode abrir mão dessa importante fase da terapia porque é através da anamnese que se evitam muitos problemas que poderiam surgir a posteriori.
Por fim, salvo em caso de absoluta impossibilidade, é importantíssimo que a anamnese aconteça de forma presencial.
C – A entrevista
Agora é hora de o paciente falar mais, sem muita intervenção por parte do psicanalista.
Tal etapa se segue após a anamnese, a qual vimos no tópico acima e também deve ocorrer presencialmente.
O analista deixa o indivíduo falar e anota tudo o que lhe pareça ser relevante. Deve apenas fazer uma ou outra pergunta pontual.
Importante ressaltar que a entrevista, assim como a anamnese, deve ser feita face a face. Não se deve utilizar nesta fase as estratégias de posição relaxada e de costas para o analista. Isso porque a análise de fato, onde se utiliza o método da livre associação, na verdade ainda não começou e isso tem que ficar claro para o paciente em questão. Some-se ainda a isso que o psicanalista já poderá tirar algumas conclusões a respeito daquele paciente analisando sua forma de olhar, trejeitos, tiques e outros elementos que poderão lhe auxiliar a formar a sua convicção.
Pode até ser que o próprio paciente mesmo conclua, através da entrevista, que aquele analista ou aquela forma de terapia não sejam o ideal para o seu caso.
Também a entrevista não pode ser, de forma alguma, suprimida da clínica de psicanálise online.
D – O contrato analítico
O contrato analítico é um acordo tácito, correspondente à relação psicoterapêutica entre analista e analisando.
Como em quase todo contrato civil, envolve direitos e obrigações para ambas as partes.
Normalmente, o contrato analítico se formaliza durante ou logo após a entrevista, mas deve ficar claro para o paciente o momento em que se realiza.
Tal ferramenta, embora não seja física, tem o condão de incutir na mente do analisando que a partir daquele momento ele está assumindo um compromisso consigo mesmo e com o seu analista, no sentido de fazer tudo ao seu alcance para se chegar à cura. Por isso não pode de forma alguma ser ignorado na psicanálise online.
E – Frequência e duração das sessões
Como em sessões à distância o paciente não tem que se preocupar com deslocamentos e tempo despendido até o consultório, pode-se considerar a possibilidade de um aumento no número de sessões por semana. Mas isso também depende de outros fatores tais como a situação financeira do paciente, é óbvio. Porém, considere-se que é uma interessante alternativa em casos de maior gravidade.
F – O pagamento
Deve se definir com o paciente o valor dos honorários psicanalíticos, bem como se o pagamento se dará por sessão, por semana ou por mês.
Nos dias atuais existem ótimas ferramentas digitais que permitem que o paciente faça o pagamento onde quer que se encontre.
Mais uma vez se verifica aí a comodidade das relações on-line.
G – O uso do Divã
E quanto ao divã? Como proceder em face da impossibilidade de uso desse importante e tradicional símbolo da Psicanálise?
Com sabido, Freud foi o primeiro terapeuta a usar e reconhecer a importância do divã em um consultório de psicanálise. A título de informação histórica, tal objeto lhe foi dado de presente pela sua paciente Madame Benvenisti, em 1890.
O divã é um instrumento que propicia o relaxamento e a fala livre por parte do analisando, sem que seja acareado ou submetido a olhares invasivos ou constrangedores por parte do terapeuta. E isso acontece em muito pelo fato de o psicanalista se posicionar atrás do paciente, e não frente a frente, o que favorece a desinibição. É onde o paciente se deita e passa a livre associar através da fala.
E como adaptar isso na terapia online?
Pensamos que uma forma de ajustamento seria o paciente se colocar de forma confortável, sentado em uma cadeira ou outro móvel que lhe permita o relaxamento. Pensamos que uma cama não seria o ideal, para evitar que o paciente se sinta relaxado demais e passe a ter que lutar contra o sono.
Quanto à interrupção da comunicação visual direta entre analista e analisando, existe a opção de o paciente não olhar para o psicanalista na tela ou mesmo de desligar a câmera do aparelho enquanto livre associa. O analista, no entanto, deve estar sempre olhando para o paciente na tela, atento a qualquer detalhe que possa contribuir para o bom desenvolvimento da análise.
6 – Resistência, transferência e contratransferência online
Segundo o sítio eletrônico PePSIC, Portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia, ocorreu em 2012, na Cidade do México, o XVII Foro Internacional das Sociedades Psicanalíticas (IFPS).
Neste evento foi abordado, dentre outros tópicos, sobre a instalação da transferência e contratransferência no decorrer das sessões de psicanálise telepresencial. Autores como Carlino, Hanly e Casariego afirmaram que tais fenômenos se desenvolvem normalmente no espaço virtual.
Carlino denominou de presença compartilhada a conexão que se estabelece entre analista e analisando em um atendimento on-line. “Cada participante sente a presença do outro; embora não haja presença física quando este ambiente de encontro e contato é alcançado, não se percebe a ausência do outro, nem se tem a impressão de que o outro está longe durante este contato (CARLINO, 2011, p. 104).”
Para citar outra fonte, verifica-se também que em matéria de autoria de Audrey Furlaneto, publicada no site O Globo, em 22-05-2021, Rodrigo Ventura, mestre e doutor em Filosofia e Psicanálise, afirma que “por mais que algumas limitações sejam evidentes, como a ausência do corpo físico, percebe-se que a presença também se dá à distância.”
Sendo assim, conclui-se que, s.m.j., nesse espaço compartilhado, onde se estabelece uma espécie de ponte entre analista e analisando, a transferência, a contratransferência e a resistência oportunamente se apresentam, assim como nos atendimentos presenciais tradicionais.
7 – Conclusão
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Estando a tecnologia cada vez mais presente na vida das pessoas, não é de se estranhar que hoje os consultórios virtuais sejam a regra. Aquilo que antes era para ser uma alternativa passageira para os tempos de quarentena e isolamento social hoje se tornou a diretriz predominante. Psicoterapeutas adeptos das escolas ortodoxas estão tendo que se adaptar à nova realidade, se quiserem continuar a concorrer em pé de igualdade com os terapeutas mais heterodoxos no já concorrido e cada vez mais crescente mercado psicoterapêutico.
Contudo, em determinadas fases do tratamento, é patente que não se pode abrir mão do atendimento presencial porque isso poderia comprometer o processo de cura. Não raras vezes, quando necessário, o interagir com o outro de forma presencial pode fazer toda a diferença.
A verdade é que, com relação a esse assunto, ainda temos mais indagações que certezas. Será mesmo realmente satisfatório o resultado terapêutico on-line? Apenas o tempo poderá nos dar tal resposta.
Quer interagir com a Morganna la Belle? Visite meu site e blog: https://rainhamorgannalabelle.wordpress.com/
Vou adorar conhecer você!!!
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terapeuta-reichiano-elias · 8 months ago
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Fases do Desenvolvimento Infantil e os Traços de Caráter
A jornada do desenvolvimento humano é fascinante e complexa, especialmente durante a infância. A psicanálise, com suas raízes profundas no trabalho de Sigmund Freud, oferece uma visão intrigante sobre as fases do desenvolvimento infantil. Paralelamente, a psicologia corporal nos apresenta uma perspectiva única sobre como nossos corpos e mentes interagem para formar traços de caráter…
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sentidodanalise · 19 days ago
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Logo quando eu pensei nos primeiros textos que fariam parte do blog, eu não pude deixar de colocar na lista o conteúdo de algumas das aulas que eu assisti no ano passado, e no começo do ano, num grupo de estudos sobre os seminários de Lacan. Confesso que adiei um pouco até finalmente vir editar esse texto, que já estava escrito, mas depois de ler O perigo de estar lúcida de Rosa Montero, a ideia ganhou vida outra vez. Neste texto, discuto as relações entre a catarse que compõe o ato de contar a própria história e os objetivos de uma análise.
Criatividade e escrita em Rosa Montero
O perigo de estar lúcida, publicado em 2023 e escrito por Rosa Montero, é uma narrativa que gira em torno do que seria a origem da criatividade, e aspectos comuns que cercam o processo de criação, principalmente, de escritores. Eu adianto que ainda quero fazer um post específico sobre as condições e reflexões acerca do processo criativo do escritor que são compiladas na obra, mas reservo isso para outro momento. Conversando com outras autoras e pensando sobre mim, o que me levou e me mantém escrevendo, seja textos mais técnicos como esse, ou aqueles que ninguém que me cerca faz ideia, é a catarse da realidade que existe em todos eles. Quanto a isso, Rosa Montero reflete sobre o papel da narrativa na construção de sentido para a vida humana, dizendo:
‘’Nós humanos somos pura narração, somos palavras em busca de sentido. Epiteto dizia, com razão, que o que afeta o ser humano não é o que lhe acontece, mas o que se conta do que lhe acontece. De modo que, se você muda o relato, muda a vida, como demonstram as inúmeras terapias que, como a psicanálise clássica, se baseiam na construção de uma nova narrativa pessoal. Isso para não falar da memória, que é pura fantasia, uma história que evolui com os anos. Somos todos romancistas, escritores de um único livro, o da nossa existência. E ainda bem que podemos lançar mão das mentiras para dar certa aparência de ordem e destino a esse caos, ou então a vida seria uma verdade inabitável.’’
Nesse sentido, fica evidente a importância de expressar aquilo que é experienciado: narrar, escrever, ou qualquer ato que possibilite a revelação de nós. Esses atos nos tornam seres históricos e, assim, parece ser possível nomear, dar luz ao que foi vivido, mais do que isso, estabelecer novos sentidos e obter mudanças.
Essa perspectiva sobre a narrativa nos conduz diretamente à psicanálise de Lacan, onde recontar uma história ocupa papel central no processo de análise.
A psicanálise de Lacan
Chegando à obra de Lacan, os seminários escritos são uma série de palestras, nas quais ele desenvolveu e expôs sua teoria psicanalítica. Essas palestras abordam conceitos fundamentais da psicanálise freudiana, reinterpretados por Lacan a partir de campos como a linguística, a filosofia e a antropologia. Particularmente, eu ainda não pude me aprofundar nesses seminários, mas o primeiro capítulo discutido aqui - Os escritos técnicos de Freud - faz parte do seminário um (Os escritos técnicos de Freud), que foi base para a discussão do grupo de estudos.
O ponto a ser dito ficou na minha cabeça por dias e sempre retorna quando eu penso no objetivo de uma psicanálise.
Lacan fala sobre como o elemento essencial, constitutivo e estrutural do processo analítico é a reconstituição completa da história do sujeito, e que essa história não é o passado. O que isso quer dizer? Algumas coisas que nós vivemos antes, como traumas, continuam perturbando o presente, às vezes conscientemente ou inconscientemente, sobretudo, inconscientemente.
Entende-se que o passado não existiria, porque se o que aconteceu antes é ainda sentido no agora, então não é passado. O inconsciente é atemporal, as relações de futuro, presente e passado não obedecem uma linearidade temporal, experiências antigas podem ser vividas como se fossem atuais.
‘’O afeto desconhece o tempo’’
A história só seria o passado na medida que é historiado, narrado, no presente. Assim, reconstituir vem do falar do que foi vivido e sentido, é reconhecer o que aconteceu e assim poder obter uma mudança, um avançar. Cabe fazer uma diferenciação também de que reconstituir é diferente de meramente recordar. O reconstituir diz respeito ao constituir, formar de novo; reorganizar, restabelecer. Não tem como apagar o passado, mas enxergá-lo sob uma nova perspectiva. Já o recordar é algo no presente, que diz algo sobre o passado, ou seja, os sintomas, os atos falhos, os sonhos; num sentido muito mais passivo e de sofrimento. A mera recordação não implica progresso.
Dessa forma, a cura não vem do esquecer, mas do recordar e reconstituir essa narrativa. O processo de uma análise tem o seu objetivo, diferente do que as pessoas pensam, em tratar a história a partir do momento presente.
A obra de Rosa Montero e a teoria de Lacan, portanto, nos mostra como contar, recontar, uma história permite dar sentido à confusão da existência. Os dois, à sua maneira, colocam a importância de revisitar o vivido.
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afastemsevacas · 1 year ago
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pra lembrar, narcisismo: O Eu se forma para nos defender do outro e do que preferimos desconhecer em nós (sou algumas coisas e muitas outras que sequer sei/reconheço).
"O termo narcisismo, que ganhou no senso comum a pecha de egoísmo, é, para a psicanálise, a condição da constituição subjetiva. Dói no ouvido quando um conceito que nos é tão caro é martelado como adjetivo vulgar e mal aplicado. O narcisismo, palavra importada do mito de Narciso, que dispensa apresentações, refere-se ao processo fascinante a partir do qual nos reconhecemos como unidade separada dos cuidadores. Dá-se com o bebê até aproximadamente um ano e meio de idade e culmina com a constituição do Eu. Sem ele, mal poderíamos falar em nome próprio. Lacan é o autor que tem as melhores sacadas sobre essa instância que se forma sintomaticamente para nos defender do outro e daquilo que preferimos desconhecer em nós mesmos. Daí que o Eu é complexo em sua missão de nos vender a melhor imagem de nós mesmos, poupando ferir nosso frágil narcisismo. O letramento racial, assim como o reconhecimento do machismo, é o sal na ferida narcísica.
"A questão é que a luta antirracista —e às demais formas de opressão— não vai sem o gosto amargo de vermos nosso narcisismo ferido. Não vai sem constrangimento, sem o sentimento de culpa. Caso contrário, estamos diante de uma racionalização linda e inócua como alface americana. Ela não vai também sem enfrentarmos a paranoia de achar equivocadamente que se trata de trocar opressor e oprimido de lugar.
O processo de letramento e conscientização é um processo sofrido, mas infinitamente menos duro do que ser o alvo da violência. Ferida narcísica não é ferida de bala."
(texto com partes a se pensar...)
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xolilith · 9 months ago
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assisti A Garota Ideal e, rapaz... que filmaço!!!! Não pude de deixar de achar tão parecido com teorias da psicanálise... amei como tudo remete ao luto não simbolizado da mãe, a aversão ao toque por não ter tido essa proximidade na infância, seja da mãe que morreu, do pai ou do irmão. E como o que parece desencadear tudo isso é a gravidez da cunhada. O fato de como ele vai "se curando", quando escuta do irmão sobre ir embora, como ele externa pra boneca um passado e dores que eram dele.
Lógico que muito da situação passada fica subentendida, então, inferências.
Amei a sensibilidade e atuação da médica/psicóloga.
To em êxtase com o filme, a mente fervilhando.
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baphemetra · 1 year ago
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Reflection on the Ethical/moral domestication of the human being in society (reflexão: adestramento ético/moral em sociedade)
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(art/creator: AlexLinch)
"Only unconformed souls, with their hatred expressed or silent, are capable of resisting the imposed Alchemy." - Brazilian Quimbanda - Hidden Teachings and Practices.
"Apenas almas inconformadas, com seus ódios externados ou silenciosos são capazes de resistir a Alquimia imposta." - Quimbanda Brasileira - Ensinamentos e praticas ocultas.
Firstly, I would like to clarify that I am not a professional in the field of psychology. However, this has always been a topic that has captured my attention and, consequently, is a source of my personal studies. My intention with this post is not to discuss psychoanalysis or other branches of psychology but to connect some areas of knowledge that I consider essential for the evolutionary path within witchcraft, offering a recent brief reflection on the subject. Because how can we understand the concept of the Shadow without any foundation in moral/ethical concepts or even unconscious, personal and collective archetypes!?
Primeiramente, gostaria de esclarecer que não sou uma profissional da area da psicologia, no entanto, essa sempre foi uma fonte que me atraiu atenção e consequentemente e fonte de meus estudos pessoais. Meu intuito com essa publicação nao será dissertar acerca da psicanalise, nem de outras linhas da psicologia, mas sim interligar algumas areas de conhecimento que julgo imprescindível para o caminho evolutivo dentro da feitiçaria, trazendo uma recente breve reflexão à respeito do tema. Afinal como entender conceito de Sombra, sem nenhuma base a respeito de conceitos morais/éticos, arquétipos inconscientes, pessoais e coletivos!?
"Psychoanalysis can only be a natural science because Freud assumes that unconscious processes are ultimately cerebral and neurophysiological processes, thus endowed with the same material nature as phenomena addressed by other sciences, thereby constituting an appropriate object for scientific psychology." (Caropreso, 2010).
"'A psicanálise só pode ser uma ciência natural porque Freud assume que os processos inconscientes em última instância são processos cerebrais e neurofisiológicos, portanto dotados da mesma natureza material que os fenômenos abordados por outras ciências, constituindo assim um objeto adequado a uma psicologia científica"(Caropreso, 2010).
In the last days, some of my reflections have led me into some insights upon the transformation of the desire into a “profaned” construction. And I’ve been contemplating the human shadows that bring to light our inherently existing primitive and visceral senses, noting its marginalisation within the boundaries of societal conceivability, and how this phenomenon unfolds as a result in the use of coercive laws deeply embedded in the societal framework, effectively streamlining the domain over the masses.
Nos últimos dias, reflexões me conduziram à insights sobre a transformação do desejo em uma construção profana. Eu venho contemplando as questões humanas que destacam nossos sentidos primitivos e viscerais, observando essa grande marginalização dentro dos limites da concepção societal, fenômeno esse, que se desdobra como resultado da utilização de leis coercivas vigentes e profundamente enraizadas na estrutura social, como uma forma efetiva de facilitar o domínio sobre as massas.
According to Nietzsche, the construction of human being was marked by the construction of values, creating a culture that throughout its structuring, aimed at training the human animal. In Nietzsche's view, the purpose of all culture is to tame the predatory animal "man," reducing us into a docile and civilized domesticated creature (Nietzsche, 1998, p.33).
Segundo Nietzsche a formação do homem foi marcada pela construção de valores, de uma cultura que ao longo de sua estruturação direcionou-se para um adestramento do animal homem, ou seja, para Nietzsche o sentido de toda cultura é amestrar o animal de rapina ”homem”, reduzi-lo a um animal manso e civilizado, doméstico (Nietzsche, 1998, p.33).
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For Freud, the Ego is the conscious part responsible for interpreting reality, memory, emotions, and perception — and the individual's relationship with the environment, acting as a mediator between the ID and the Superego, where there is the inhibition/repression of the Self through fear, and also stimulates the human being to approach social concepts based on an unattainable "perfection," (which in my opinion, leads the being into a big system of oppression).
Enquanto o Ego, para Freud é a parte consciente, responsável por interpretar a realidade, memória, emoções e percepção – relação do indivíduo com o meio – e mediador ente o Id e o superego: onde há a coibição/repressão do Ser, através do medo e também o estimulo de que o ser humano se aproxime de conceitos sociais pautados em uma "perfeição" inalcançável (e em minha opinião, sendo a razão de diversos adoecimentos e auto opressão).
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In society, we navigate through a set of laws, rules, moral and ethical norms that repress our basic energies. Confined within the scales recognized by psychoanalysis as the ID (psychic instance corresponding to our desires, drives, and instincts aimed at pleasure satisfaction).
It is truly challenging to break free from the bonds of the ruling enslaving system and likewise, to comprehend one's own shadow and human impulses as part of our liberation and as the essential step towards the path of awakening and also self-awareness. Specially if we entwined these concepts within magical practices and self-knowledge...given that we are conditioned to be “clay-man’s" (theme we are going to discuss soon in another post) and consequently, hostages of fear.
Em sociedade, passamos por um conjunto de leis, regras, e normas morais e éticas que reprimem nossas energias básicas. Aprisionadas nas escalas reconhecidas pela psicanalise como ID (instância psíquica que corresponde aos nossos desejos, pulsões e instintos voltados para a satisfação do prazer)
É deveras difícil desprender-se das amarras do sistema regente escravista tampouco compreender a própria sombra e impulsos humano como parte da nossa libertação, liberação e como o passo imprescindível para o caminho do despertar e auto-conhecimento. Visto que somos condicionados a sermos "homens de barro" (assunto que discutiremos em breve em outra postagem) e consequentemente, reféns do medo.
Understanding ourselves and our animalistic instincts without repressing them, but observing them (not in an attempt of destroying it, but taming instead), is of great importance within magical systems…while circumstances grind and devour us; and while we grind and devour circumstances. "One day the hunted and then, the hunter” as a saying goes.
Compreender a si mesmo e os nossos instintos animalescos sem reprimi-los, mas observando-os se faz de grande importância dentro de sistema mágicos. As circunstâncias nos trituram e nos devoram; nós devorado e trituramos às coisas. Um dia de caça, outro de caçador.
"A predator does not weep over its prey, nor does it expend energy on fruitless pursuits. The true predator avoids mistakes, as it is grounded in wisdom and, most importantly, self-knowledge. An advanced practitioner knows their boundaries and limitations." - Fundamentals and Hidden Practices of Quimbanda (LTJ49)
"Um predador não chora em sua presa, tampouco, despende energias perseguições infrutíferas. O verdadeiro predador não tende a errar, porque e alicerçado por sabedoria e principalmente pelo auto conhecimento. Um adepto avançado sabe seus limites e limitações" - Fundamentos e Praticas Ocultas da Quimbanda (LTJ49)
It is of utmost importance to detach ourselves from the concepts of the false Abrahamic god in contrast to the prevailing enslaving system, where knowledge is subdued as profane. Equally essential is to recognize this god not in the Abrahamic sense but as an egregore that does exists, serving as a significant source of misery, entangling the human being in a cyclical karmic system, hindering and delaying the liberation of the Self and personal development.
É de suma importância saber desprender-se dos conceitos do falso deus abraâmico para ir de contraponto com o sistema vigente escravista, onde o conhecimento e subjugado como profano. Assim como e imprescindível reconhecer esse deus não sob o aspecto abraâmico, mas como uma egregora que existe, e vem a ser uma grande propagação de miséria, nos emaranhando num sistema Karmico cíclico, prejudicando e atrasando as desamarras do Ser, e também o auto desenvolvimento.
<copyright> MAYA D. / BAPHE METRA
Reading recommendations/Recomendação de leitura:
English: https://www.highexistence.com/carl-jung-shadow-guide-unconscious/
PT/BR:
Livros/Books:
“Ao Encontro da Sombra” ou "Meeting the Shadow", written in/escrito em 1994 by Connie Zweig e Jeremiah Abrams, brings a lot of information about the shadow archetype and how we can identify it within ourselves / traz muitas informações sobre o arquétipo da sombra e sobre como podemos identificá-la dentro de nós
Quimbanda Brasileira, O Culto da Chama Vermelha e Preta e Praticas Ocultas da Quimbanda Volume 1 e 2 (LTJ49) por Danilo Coppini. / Quimbanda: The Cult of the Red and Black Flame by and Brazilian Quimbanda - Hidden Teachings and Practices I and II, by Danilo Coppini (LTJ49)
On the Genealogy of Morality: Friedrich Wilhelm Nietzsche
Nietzsche: Beyond Good and Evil / Para além do bem e do mal.
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existocom · 2 years ago
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O livro 'Psicologia, uma (nova) introdução' apresenta um panorama histórico sobre a emergência da psicologia enquanto ciência no final do século XIX, destacando as precondições epistemológicas, sociais e econômicas, a experiência da subjetividade privatizada e sua crise.
Apresenta resumidamente uma visão crítica da psicologia, entendendo que apenas num período muito recente surgiu a noção de ciência do modo como a entendemos hoje, apresentando as condições que possibilitaram a emergência e as implicações da psicologia científica.
Nesta atividade, o livro será comentado em principais temas: uma visão panorâmica e crítica da história da psicologia, a constituição da subjetividade privatizada na Modernidade e sua crise, a emergência da psicologia enquanto ciência e algumas das principais escolas de psicologia.
Datas e temas: 15/Mar: Visão panorâmica e crítica 22/Mar: Crise da subjetividade 29/Mar: Emergência da psicologia 05/Abr: Psicanálise e psicólogo (quartas-feiras)
Horário e valor: Horário: 19 às 20h (fuso horário de Brasília) Valor: R$ 75 (todos os encontros).
Formato: O livro será comentado em quatro encontros, mencionando seus principais temas e dialogando com os participantes presentes. A atividade acontece online, via Google Meet. O livro será enviado em formato ".pdf" via e-mail pelo condutor do grupo.
Condutor: Bruno Carrasco, professor de filosofia e psicologia, terapeuta, graduado em psicologia, licenciado em filosofia e pedagogia, pós-graduado em ensino de filosofia, psicoterapia fenomenológico existencial e aconselhamento filosófico.
Mais informações e inscrições em: www.ex-isto.com
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